Amor e Ódio Estrelando Hackers, Amy Pascal e Grande Elenco

Você nunca tinha ouvido falar de Amy Pascal, admita. Desde o final de novembro em que um suposto ataque de hackers aos servidores da Sony Pictures Entertainment vazou e-mails internos trocados entre os executivos, o nome de Amy foi para estrelas.

Chairman da produtora ela é responsável por escolher os filmes e séries de tv que serão produzidos ou não. Por exemplo há algumas semanas ela pessoalmente anunciou que os próximos filmes da franquia do Homem-Aranha serão ambientados no universo expandido da Marvel, onde todos os personagens possíveis e passíveis de mercantilização vão participar da saga.

Dizem que é uma retaliação da Coréia do Norte sobre um filme que vai ser lançado sobre jornalistas americanos contratados pela CIA para assassinar o ditador norte coreano.

Não existiu no mundo do marketing até hoje um viral tão eficiente quanto esse para divulgar um filme, tanto que rola na internet diversas teorias de conspiração que alegam que tudo não passa de um hoax de auto promoção.

No entanto os emails divulgados nestas últimas duas semanas e meia por via fóruns anônimos tem revelado conteúdo bastante questionável sobre a ética com que esses executivos tratam o cinema.

O que mais pesa contra é o fato que as decisões tomadas por essas poucas pessoas (que sim por trás de uma grande corporação existem apenas algumas pessoas) podem influenciar tudo o que você vai consumir na mídia, na tv a cabo, na internet e nos cinemas de todo o mundo.

Em um dos e-mails o mégalo George Clooney pede desculpas por ter errado a mão pelo seu péssimo último filme. E em outro o co-executivo (o mais já famoso) Scott Rubin chama Angelina Jolie de garota mimada com pouco talento.

E esses dois casos são revelados dois casos de personalidades que usam o star system do cinema para auto promoção através do apoio à causas humanitárias ao redor do globo.

Jolie pela ONU e Clooney com atuação na Casa Branca se preocupam com todas as mazelas da humanidade, mas convenhamos, eles jamais vão se preocupar com o poder desigual que os estúdios e distribuidoras como a Sony Pictures (das quais dependem seu paycheck) exercem sobre a soberania de quase todos os países do planeta.

É uma questão de mercado e de política internacional onde a imposição do cinema feito por esses estúdios toma conta da maior parte da rede de exibição, principalmente em países que ainda estão engatinhando em políticas culturais como no Brasil.

Para saber sobre o leak mais quentinho liberado pelos hackers Letrapix recomenda o site gawker.com -- agora nesse momento foi divulgado e-mail de Amy Pascal sobre o último filme de Cameron Crowe com Bradley Cooper e Emma Stone "é uma merda" -- diz a executiva -- "nunca deveríamos ter filmado e não vamos mais fazer isso" referindo-se a roteiros em que os autores recusam-se a abrir concessões ao departamento de marketing.

É esperar para assistir ou baixar o torrent que esperamos que os hackers divulguem. Se para Amy o leak deve ser um ódio mortal, amamos a atitude dos hackers.

É claro que ninguém merece ter suas mensagens íntimas colocadas em público, isso é um crime. Mas também chegou a hora de desmantelar essa estrutura de dominação que proporciona o cinema americano.

Afinal, para que mais da metade de todas as salas do Brasil estrearem ao mesmo tempo um só filme, como aconteceu semana passada com o capítulo um do último episódio da saga de Jogos Vorazes?

(Nota 1: dois filmes supostamente roubados dos servidores já são torrents virais, Annie com Julianne Moore e o novo filme sobre segunda guerra do Brad Pitt).

(Nota 2: é verdade que compartilhar filmes pode ser um crime, mas a relação entre torrents mais compartilhados e sucesso de bilheteria é diretamente proporcional, ou seja, pode ser considerada uma via de publicidade também).

#letrapix #cinema